sexta-feira, 12 de março de 2010

AH!... O CARNAVAL.

Nossa! Estou comemorando hoje 43 anos de carnaval.
Tudo bem! Eu tenho 43 anos de idade e certamente não me recordo dos primeiros cinco carnavais da minha vida, momento em que sem sombra de dúvidas mamãe já deveria se encarregar de me fantasiar para a grande festa.
Mas depois dos cinco anos de idade tenho guardado na memória que eu e meu irmão éramos fantasiados de índios. Até aí tudo bem! O problema era que mamãe queria que vivêssemos o papel com realidade. A minha fantasia era branca, cheia de penas, tinha também machado, cocar; já a fantasia do meu irmão, apesar de ser idêntica a minha, pecava pela cor forte, aliás, muito forte. Era coral. Imagine! Esse “indiozinho” chorava, esperneava na tentativa inútil de demonstrar a sua insatisfação; mas lá íamos nós após o protesto. Felizes, apesar de tudo! Afinal, esperávamos pelo carnaval um ano inteirinho.
Cresci e continuei aguardando ansiosamente pela grande festa e agradecendo ao fato da fantasia de índio não mais caber em mim, confesso! Porém, nesta nova etapa da vida, a grande festa passou a ser: preparar e apresentar as belas fantasias nos bailes noturnos, cair na farra dos blocos, paquerar e até me apaixonar. No último dia, tristeza! O carnaval se despedia, mas sempre com a forte promessa de voltar no próximo ano.
Na verdade, acho que o tempo passou muito depressa. Mas mesmo assim percebi que continuo até hoje aguardando pelo carnaval, não mais com a inocência da infância, ou com deliciosa volúpia da juventude; porém com a tranqüilidade que marca esta minha nova fase da vida.
E por que ainda espero? Porque entendi que seja em casa, na praia, no recolhimento dos retiros, nos hotéis-fazenda, nos bailes de máscaras, nas avenidas ou clubes, sambando, lendo ou escrevendo... Onde eu estiver, o carnaval sempre passará deixando ao meu entender uma simples mensagem: “Ano que vem eu volto, e apenas espero te encontrar feliz”!
Iniciei dizendo que estou comemorando os inúmeros carnavais da minha vida. Tudo bem! Não planejei fantasias, não vou a nenhum baile, tampouco programo uma farra no bloco do bairro. Paquerar e me apaixonar? Até que não é má idéia! Mas, acredite! Hoje, também comemoro com alegria, pois planejei um almoço com amigas, estou escrevendo esta crônica, amanhã vou arrumar o armário, pegar um solzinho em casa mesmo e assistir ao carnaval pela tv. Verdade! Pela TV consigo observar carinhosamente a riqueza cultural desta festa de ritmos diversos, de danças “calientes”, de fantasias exuberantes e criativas que cada estado brasileiro conserva tão bem. Gosto de observar os rostos, os sorrisos, a entrega. Gosto, porque assim consigo lembrar dos antigos carnavais, do quanto eu os esperava e da alegria imensa que sentia quando “ele” enfim chegava. Era realmente uma alegria contagiante!
Enfim, percebo que o tempo passou, o carnaval mudou; mas eu também mudei. E muito! Mudei tanto que consigo sentir hoje a forte alegria que na infância e na adolescência me contagiavam durante os quatro dias da esperada festa, ainda que realizando atividades tão diferentes daquelas de anos atrás.
Hoje, como em todos os anos estou mais uma vez curtindo as doces lembranças de um tempo que certamente não voltará da forma como era, mas que nem por isso deixa de ser o meu maravilhoso tempo.










Cátia Corrêa dos Santos
Rio, 16/02/2010

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