quarta-feira, 29 de abril de 2009

O que é ser mãe? Isso existe?

O conceito que conhecemos de maternidade, nos remete a uma figura que a priori é a síntese do amor incondicional. Aquela que dá amor e que nada pede em troca, que manifesta esse sentimento desde a concepção e em muitas mulheres desde que o desejo de ser mãe se manifesta e que o senso comum convencionou denominar de relógio biológico. Ser mãe é o que conhecemos como a preparadora do sujeito para a vida, para o enfrentamento dos eventos sociais, das frustrações, das decepções, dos medos, das dores, das pessoas más, dos "lobos maus", dos "velhos do saco", das "bruxas", do "bicho papão", do "boi da cara preta"... Existem aquelas mães que superprotegem, aquelas que dão liberdade demais, aquelas que brigam demais, aquelas que conversam demais e são amigas demais. Enfim, existem mães para "todos os gostos" e para todas as conseqüências, sejam sociais ou emocionais, desde que umas se apóiam e resultam nas outras.
O que está emergindo na atualidade, e de repente por causa do advento da mídia, porque não se pode afirmar de que isso não ocorria antes, é um tipo de mãe que é absolutamente contrária à essa visão social. É a mãe que é o próprio agente medo personificado, é a própria "bruxa", é o próprio "bicho papão", é o ser que conduz o filho às dores das quais deveria proteger. Mães que matam, mães que ferem, mães que negligenciam, mães que abandonam. Onde esse conceito foi construído? Onde está o erro? Se é que esse erro existe? Será que o erro não seria impingir ao papel de mãe um peso, uma responsabilidade que, absolutamente ele não tem? Será que essas mulheres estão preparadas para assumir esse papel a que são apresentadas desde que nascem? De onde surgiu a ideia de que para que uma mulher seja realizada, TEM QUE ser mãe? Não estará nesse ponto a raiz do problema? Será que essas mulheres são impelidas a um amor que não têm capacidade de sentir e muito menos doar? Por quê tantas mães matam? Por quê tantas mães abandonam? Por quê? Hoje, ao ver notícias de mães que matam seus filhos e escondem o corpo; mães que envenenam os filhos a fim de atingir o ex-marido, me faço essas perguntas. Quem são essas mulheres? Que tipo de sentimentos as movem? Onde está o(s) (ir)responsável(eis) por colocar nas mulheres essa sensação perpétua de estar devendo algo à sociedade e cobrar dela a maternidade, para que com isso ela consiga pagar essa dívida? Onde está a sociedade que não a auxilia a lidar com as demandas de um amor que se intitula incondicional e que não pergunta a ela se esse é seu desejo? Como punir uma mulher que lida com uma expectativa externa e que em algum ponto não dá mais conta dessa obrigação e se vê no desejo de eliminá-la da sua vida? Essa mulher merece punição? Quem estaria apto a aplicar-lhe tal pena?

Por Mônica Innocêncio Ribeiro

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não à Hipocrisia: Uma reflexão

Sempre que vejo alguém reclamando de políticos que roubam milhões, me pergunto: "será que essa pessoa não contribui de alguma forma para isso?" É muito fácil sentar no sofá ou no barzinho e xingar os políticos que roubam milhões de reais e ao sair dali, comprar um DVD Pirata, fazer gato de Luz, água e Net em casa. Sabe quanto é a economia de um "gato" em casa? R$ 30,00? Um DVD pirata custa R$ 5,00. Não é muito pouco pra jogar a própria dignidade fora? E como reclamar de alguém que rouba milhões se se é capaz de roubar R$ 30,00, R$ 20,00...????...Será que estivesse no lugar dos políticos também não roubaria? Roubo é um conceito único, não muda de acordo com o valor roubado ou o cargo ocupado.

Por Mônica Innocêncio Ribeiro

Meu Presente, Um Divã

Oi Martha, desculpe-me a pretensa intimidade, mas esse é um sentimento impossível de não experimentar com relação à você. Intimidade de idéias frente à vida, aos sentimentos humanos, aos sofrimentos próprios e alheios. Acabo de chegar de uma tarde que começou despretenciosa com amigas que resolveram ir ao cinema e terminou com um turbilhão de emoções dignas de qualquer sessão de análise. Bem pertinente em se tratando do filme assistido. Divã. Sempre fui leitora assídua dos seus textos e o domingo pra mim só começa após a leitura das crônicas na revista de O Globo. Sempre com uma reflexão, com algo a me explicar e a me libertar de situações e sentimentos vividos ao longo da semana. Baseada nessas experiências, fui com amigas ver suas "crônicas filmadas". Qual não foi a minha surpresa ao constatar que a Mercedes sou eu? A Mônica sou eu (temos até o mesmo nome...rs), o Gustavo é meu marido (às vezes sou eu também). Grata surpresa e que prazer sentir o riso solto, sem amarras, sem pudores, com as agruras daquelas mulheres. Que delícia deixar as lágrimas rolarem, doloridas com aquelas escolhas, com aquela amizade, com aquela busca...Revivendo as próprias escolhas, amizades e buscas...Saí do cinema com a alma leve e com a sensação de que alguém me entende, me justifica, me purga, me penitencia e me absolve, sem absolutamente, me julgar. Ao chegar em casa, corri para a estante e peguei "Doidas e Santas" para reler e não perder a sensação de libertação que experimentei naquelas duas horas na "sala escura". Muito obrigada por esse presente.

Por Mônica Innocêncio Ribeiro